Você vai se lembrar de mim como uma possibilidade não vivida.
Como um louco, um raio, um furacão.
Você vai se lembrar de mim como um terremoto.
Um ferida, um pesadelo, uma dor, um sonho desfeito.
Você vai me guardar como um erro não cometido, um mistério revelado, o capítulo final de um livro mal escrito.
Perdido em suas estantes...
Não vai querer meu nome em sua boca, em seus ouvidos, reverberando em seus frágeis ossos.
Vai fugir de mim sorridente, absolutamente certa de que não está errada.
Mas você vai se lembrar...
Você vai se lembrar de mim como um monstro, um temor, o Minotauro no centro do seu matematicamente traçado e milimetricamente percorrido labirinto.
Serei sempre o quase, o talvez, o poderia ser e o jamais.
Nos átimos da sua vida sou um fantasma, uma sombra, um sussuro inaudível.
Uma presença amputada pelas nossas próprias serras cegas...
De alguma forma sempre faremos parte da vida um do outro, mesmo não estando, mesmo não vivendo, mesmo mortos e mesmo não existindo de fato.
Sou o que nunca fui.
E, pra mim, você a que sempre será...
2 comentários:
Perfeito: "Serei sempre o quase, o talvez, o poderia ser e o jamais."
Talvez vivamos situações semelhantes, sentimentos parecidos, embora em contextos diferentes, mas que não deixam de ser quase iguais...
Esse vazio que de tão imenso que se torna sufoca... A mim também....
Eu sei...
Beijos pra vc...
Sim, Clarice por si só reverencia cada pedaço da alma feminina de maneira transparente e com uma lucidez quase que insana, porque sabe em cada palavra, tecer os paradoxos de cada alma feminina como sendo única = à sua própria alma!
Dificil de entender o que eu quis dizer? rs.... É por isso, que existe Clarice!
Boa noite...Marcelo!
Postar um comentário