terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Sinfonia inacabada

3 horas da manhã.
Chove torrencialmente. Chuva de dia, chuva de noite. Meus ossos estão úmidos, minha alma fria, meu coração confuso.
Nas negras caixas de som Villa Lobos...Por algum motivo misterioso chuva me lembra Villa e o procuro em meus arquivos empoeirados para que me aqueça em seus braços sonoros.
Estudos para violão Nº 12.

A música assimétrica como o insistente gotejar no telhado, abstrata como os meus pensamentos. Profunda(o), caótica(o), lúgrube...

Toco no teclado da minha máquina mais uma sinfonia inacabada, dessas que não sei onde terminam nem onde começam.
Dessas em que sou autor e personagem, carrasco e condenado, herói e vilão.
Onde danço no ritmo que eu ditar e me encharco de notas perenes, solenes, insanas, gotejando consoantes em Si e vogais em Bemol na tela que me enxerga de forma transpassante, translúcida, quase inquisidora:
_Cansei da chuva. Preciso de um pouco de Sol.
Nem que seja por um breve instante, mas que seja o suficiente para iluminar o meu rosto com o sorriso que perdi em alguma gaveta assim que ouvi o primeiro trovão.

14 comentários:

Marina disse...

É um alívio quando a chuva acompanha a melancolia. Melhor que o sol brilhando, como uma ironia. Prefiro a chuva. Queria que chovesse.

Menina_Mulher disse...

Olá!

Gosto do jeito simples e poético com que descreve as situações do cotidiano...Me faz pensar!
Devo dizer que cada palavra sua carrega o tom de um anjo louco que apenas busca o amor.

Parabéns!

Aparece no: www.entreestrelaseborboletas.blogspot.com

Glaucia disse...

Acredito que a vida é feita de momentos e suas respectivas reflexões, nem sempre há chuva todos os dias nem tão pouco dias de sol...
Mas a chuva passa, por experiência própria sei que passa...
Beijos
Glau

Simplesmente Outono disse...

Jeito único este teu.
Não me resta dúvida.
Volto com o mesmo carinho, admiração e respeito de sempre.
Folhas secas para alguém extremamente especial em suas expressões.
Simplesmente Outono.

Monilis disse...

Leio isso aqui todo dia, sou sua fã, mas não queria ser causadora dessa situação.
Tô triste e também quero ver esse sol o mais rápido possível, pra mim e pra você.
Te adoro.

Eu lírico disse...

Eis uma sinfonia que merece um final...

Alessandra disse...

Todos precisamos de sol, todos temos um sorriso esquecido em algum lugar...

Belas palavras!

[ rod ] ® disse...

Cara que houve contigo? Sumiu de vez? Abs!

Narradora disse...

Não gosto de chuva com trovão, mas acho chuva e sol um casamento inusitado, gosto disso, do inusitado.
Tira as gavetas, o sorriso está lá, aproveita e bota ele no lugar.
Beijo :)

Eu lírico disse...

Oieeee sumido!!!
Manda notícias, sinal de fumaça ...
Beijim
Glaucia

Ana Casanova disse...

Lindo!
Também eu preciso de sol. Nasci em Africa e sinto tanta falta daquele calor...
Aqui o frio está de rachar e até a alma quase que endurece. Só quase porque o sangue me corre quente pelas veias.
Um beijo grande.

Gaby Lirie disse...

É impressionante como uma música ou um estado do tempo mexe com o nosso interior.
Um dia de chuva é bonito como um dia de sol, como já disse Fernando Pessoa, mas as vezes desejamos tanto um que esquecemos o quanto pode nos trazer aquela chuva.
Um texto muito inspirador, muito bonito, musical.Gostei muito.

Grande Beijo.

e-Chaine disse...

Os trovões podem representar muitas coisas. Podem, inclusive, cantar sons de recomeço. Em noites (ou dias) assim, pássaros não estão às vistas, mas águas estão à alma que, agora, 'consolidam' cristalinas.

Glaucia disse...

Oi Marcelo ....
Só para dizer oi mesmo...
Glau