quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tratado

É chegada a hora de ser menos caudilhesco e altruísta. E não permitir mais que os “governos” que passam pelo meu país sejam onipresentes e dotados de poderes tão ilimitados.
Poderes estes que eu mesmo entreguei em bandejas de prata junto com as minhas chaves, as minhas senhas, os meus endereços e os meus dotes.

Basta de sentir-me como Fabrízio del Dongo, que passa pela batalha de Waterloo sem se dar conta do seu real significado.Não reconheço a segurança inerte dos covardes.
Arrisco, logo existo...

Perco-me com incrível facilidade no simplismo que, para mim, significa uma armadilha indecifrável e intransponível.
Encontro-me confortavelmente no complexo...Lembrei-me que esqueci-me do quanto aprecio os meandros, os subterfúgios e as entrelinhas.
E do fato do meu maior herói ser a personificação exata do anti-herói.

Embora eu observe a importância pétrea de se ter alguma ética mesmo em situações que nos cegam, e mesmo sendo a simples definição de “ética” coisa tão única que nos remeta à algo absolutamente pessoal e intransferível quanto perfumes feitos sob encomenda nos boticários parisienses.

Não vou erguer muralhas faraônicas nem minar os meus campos, não vou demarcar as minhas fronteiras de uma forma definitiva, porém não serei mais conquistado, serei o descobridor, o desbravador, o colonizador e não mais o colonizado.

Acordar de um transe é uma experiência desnorteante, nascer é uma experiência dolorosa, renascer é uma experiência inominável.
Cometi o pecado hinduísta da entrega, do desapego aos tesouros conquistados em anos de Mar. Meus porões ainda não estão vazios, mas agora estão selados, porque o que resta ali me decifra por inteiro.

Não serei mais governado, agora serei o governante.
E não sou partidário da Monarquia, da Teocracia ou da Anarquia.Vou instaurar o Comunismo...

Decreto que de agora em diante todos seremos iguais.
Fica proibido que alguém enriqueça ou empobreça mais do que o outro.
As riquezas e pobrezas serão divididas em partes iguais e absolutamente justas...

Ou nada feito.

8 comentários:

Ana Libório disse...

"Meus porões ainda não estão vazios, mas agora estão selados, porque o que resta ali me decifra por inteiro."

O texto,pra variar, é todo bom, mas essa parte...mexeu comigo!

Beeeeeeijo!!!

Ana Libório disse...

E eu fiquei curiosíssima sobre a sua teoria!!!rs!!Conta aí!!
Beijo!!

Marina disse...

Seria perfeito. Mas é um sonho.
Beijos, Marcelo.

Ana Libório disse...

Entendi a sua teoria e concordo com ela!!rs!A gente pensa parecido!!
O engraçado desses seus coments é que vc escreve(sem saber,claro!), o sobrenome do "dito cujo"...Buarque!E meu coração aperta toda vez!!!Pq qd vejo, perco o raciocínio por frações de segundo, aí me pergunto: "Contei pra ele alguma coisa?Como ele sabe o nome?".Então, releio e percebo que é do Chico e não do João que vc está falando!!
Enfim, agora eu tb preciso de um drink!!!

Glaucia disse...

Eis o melhor de Marcelo ....
Vejo que estás de volta com um texto delicioso de ler e com sua clareza ímpar.
Como gosto de vc moçinho.... E como gosto de apesar dos pesares poder te considerar uma pessoa querida e saber que no fundo, mesmo que seja no fundooooooooo sou querida tb rsssss...
Vc é único meu caro.
Admiro-te
Quando for gente grande quero ser como vc rssss
Beijos da futura Chef de Cozinha Glau ( eis mais uma novidade minha ....)

Marcelo disse...

Me contento com meia dúzia de singelos brigadeiros =]

Glaucia disse...

Pra vc com certeza sempre haverão mais do que meia dúzia de singelos brigadeiros ... rss
Com disse antes vc é único Marcelo ...
E não consigo te chamar de Má ... Por que será isso ?????
rsss
Beijos de uma quase Chef
Glau

Pensamentos e sentimentos escritos disse...

Nooossa, quanto tempo!!!
Você sumiu por tanto tempo...

Que bom te ver aqui de novo, gosto dos seus textos!

-Passa la no meu blog e deixa sua marca, que tem bastante textos novos...

Abraços =)